OBSERVAÇÃO: O artigo abaixo não contém quaisquer spoilers de Rise of the Tomb Raider e pode/deve ser lido por quem ainda não jogou. Mais uma vez, o artigo é de opinião, então a leitura não é recomendada a leitores que tenham o costume de usar antolhos.
O QUE ESTÁ A ACONTECER?
Depois do sucesso do primeiro artigo de opinião, na semana passada, decidi continuar com o formato, já que foi algo original e diferente na comunidade. O post entrou para o nosso TOP 5 dos mais lidos do site e foi até alvo de algumas infelizes acusações e críticas, “como tudo o que faz sucesso”, passo a citar. Devo começar por dizer que fiquei surpreendido com a calma e educação com que todos (ou a maioria) deram a conhecer as suas diferentes opiniões nos comentários, especialmente no nosso Facebook. Nós debatemos muitos pontos de vista, o que foi ótimo. Espero que possamos repetir agora.
Foco! Estou aqui para falar do próximo jogo. Isso mesmo. No próximo mês, com o lançamento de Rise of the Tomb Raider para PS4, todos os fãs vão poder finalmente pôr as suas mãos naquela obra de arte. Este artigo é de utilidade pública, tanto para quem já terminou o jogo como para quem ainda não teve essa oportunidade.
Há uns meses, a Crystal Dynamics enviou um questionário a todos os fansites oficiais, a partir do qual pudemos sugerir melhorias ao estúdio. Entre várias outras coisas, melhorias para uma próxima aventura. E eu sugeri tudo e mais alguma coisa. A sério, tudo e mais alguma coisa. E todas as sugestões foram lidas em grupo no estúdio. Esteve tudo em privado, pelo menos até agora.
Vou levantar os pontos que podem ser melhorados no próximo Tomb Raider e dar as minhas sugestões, claro. Foram 345 longas perguntas. Não vou mencionar tudo porque vocês também devem ter uma vida. Mas o mais importante estará aqui – e quem sabe uma segunda parte – então vamos a isso!
O QUE ESTÁ ERRADO EM RISE?
Falta de inovação. Há momentos em que o jogo é confundível com o anterior. Quiseram jogar pelo seguro, mas será que nas continuações isso será o suficiente? Uma das coisas que quis salientar naquele questionário foi o meu interesse em que a Crystal arriscasse mais. Só assim Tomb Raider se manterá por muitos e bons anos.
Claro, tivemos todo um novo conceito de assassinatos silenciosos, um mundo muito maior, vários novos tipos de flechas, o natural. A história repete-se. Umas habilidades novas, uns equipamentos novos e está feita uma sequência.
A mudança da personalidade da Lara também não foi tão evidente de um jogo para o outro. Sim, ela está ligeiramente mais confiante e desta vez foi ela que procurou a aventura. Mas é só isso. Eu não esperei 2 anos para ouvir um simples “Nem fodendo” ou um “Venham tentar, venham!”. Eu queria mais. Nós queríamos mais.
Bem, vou parar de apontar os defeitos e começar a apresentar soluções.
PERSONAGENS
Não sei se gosto do conceito de “Vamos colocar personagens novas em todos os jogos e elas nunca mais vão aparecer na série.” Sinto que não me posso identificar com elas porque nunca mais as vou ver. Exemplo: O Jonah foi a ÚNICA personagem a transitar do primeiro para o segundo jogo. Em Rise, a Lara só conhece pessoas que jamais aparecerão nas sequências. Nativos de um povo antigo. Ninguém pode tornar-se amigo da Lara e entrar nas próximas aventuras, entendem? Corta um pouco a emoção nas relações entre as personagens. Fora que muitos dos que podiam regressar nos próximos jogos acabam por morrer. Tanto em Rise como no Tomb Raider 2013. Pensem num jogo no qual as personagens retornam nas continuações. Já se devem ter lembrado de algum, certo? Não é um sentimento bom ver os nossos amigos de volta? Eu acho.
No gameplay chega a ser ridículo. São todos inúteis. Ninguém ajuda a Lara em nada. Alguém se perdeu? A Lara vai lá. É preciso ir buscar umas ferramentas? A Lara vai lá. Falta pão em casa? A Lara vai lá. Não admira que ela tenha andado no psicólogo depois de tanta escravatura. Ok, é um jogo, temos de ter missões e coisas para fazer. Mas, como disse, torna-se ridículo e surreal que ninguém se digne a ajudá-la.
Podíamos ter uma ajuda no combate em alguns capítulos, porque não? Porque é que a Sofia não foi uma verdadeira aliada no jogo? Porque é que a Lara faz tudo sozinha? Até parece preguiça do estúdio em criar uma inteligência artificial não-inimiga.
E sim, a essência de Tomb Raider é fazer o jogador sentir-se sozinho nos enormes túmulos, a explorá-los. Aquele sentimento de solidão, sabem? Mas se o querem ter presente no jogo não insiram tantas personagens. E ninguém se queixaria de um capítulo onde a Lara cooperasse com uma personagem. Lá está, seria uma inovação no mundo de Tomb Raider.
NÓS QUEREMOS VEÍCULOS
Desde o Tomb Raider 2013 que os fãs querem ver a Lara montada num cavalo numa sequência emocionante e épica de fuga. Segundo o estúdio, não deu para usar a ideia no primeiro jogo. Ok, saiu o segundo. Nem um cavalo, nem um jipe, uma mota, um triciclo, NADA.
Veículos são um elemento clássico que encaixa na perfeição no universo pós-reboot de Tomb Raider. Porque é que ainda não os vimos é a grande pergunta. Em Rise, porque é que não foi a Lara a conduzir o carro na Síria? Porque não foi ela a esquivar-se dos helicópteros? É como digo, são demasiadas oportunidades desperdiçadas.
E não, os veículos não têm de ser usados só em fugas e sequências rápidas. Eles têm o pretexto perfeito para inserir um veículo ao estilo Underworld no próximo jogo. Os cenários são cada vez maiores e a Lara, um dia destes, perde uma das pernas de tanto correr. É tão simples, deixem-nos usar um veículo para explorar livremente o cenário, como no México do TR: Underworld. Facilitava muito. Imaginem a Lara na sua mota, ela estaciona, segura-se com uma perna, inclina-se, apanha umas madeiras, reposiciona-se e acelera. Seria tão mais prático.
Detalhe: A nova Lara já andou de mota nas comics. Então, querida Crystal, não brinquem com o nosso coração.
O COMBATE
Apesar de todas as novidades, Rise of the Tomb Raider tem um combate demasiado genérico. Isso não seria um problema, se os encontros com inimigos não acontecessem com tanta frequência. Mas ainda podem torna-los divertidos, com algumas melhorias.
Os inimigos mortos silenciosamente dão uma certa satisfação. Assim como acertar umas flechas na testa de uns agentes da Trindade. A situação cai de nível quando nos referimos às outras armas. A mira não é das melhores, as armas não são suficientemente interessantes e não há variedade. Além disso, só se pode trocar de arma nos acampamentos. E com “trocar de arma” digo escolher outro tipo de arco, pistola, escopeta ou rifle. Porque o leque de opções não vai muito além disso. Não vemos uma sniper, um lança-foguetes, nada.
Quanto ao combate corpo-a-corpo: Usar o machado foi interessante... No primeiro jogo. Agora sinto que não é o suficiente. Digo, no primeiro era uma novidade, era algo interessante. No novo, apesar de serem 2 machados, não tive a mesma sensação. O inimigo não sabe reagir aos ataques corporais. Ele vai levar com o machado até ser abatido para, finalmente, fazermos uma finalização. Por falar em finalizações, elas são as mesmas do jogo anterior. Outro ponto negativo.
O combate corpo-a-corpo podia ser alterado no próximo jogo. Mostrem-nos uma Lara mais experiente. Algo que interaja com o ambiente. Algo que alterne entre esquiva e ataque. E porquê usar só os machados? A Lara podia usar os seus punhos e a sua faca, se ela estivesse com uma arma na mão quando um inimigo aparecesse, ela podia reagir batendo-lhe com a arma na cabeça, etc. Tornaria tudo muito mais interessante.
A CARA DA LARA CROFT
Ó bendita Crystal Dynamics, devemos nós abrir uma petição para que vocês escolham um rosto definitivo para a Lara? Desde 1996 a Lara muda de aparência a cada jogo que passa. Estranho, mas nem me incomoda tanto. O problema é que em Rise a Lara tem rostos diferentes. Sim, dentro do mesmo jogo. Há momentos em que ela é a cara da Camilla Luddington. Mas, por mais estranho que pareça, usaram a modelo Ariel Suzanne para modelar o rosto da Lara. E em momento nenhum do jogo a Lara me pareceu essa mulher.
O rosto 'reciclado' nas imagens |
E os renders? O Tomb Raider 2013 teve renders e imagens de divulgação magníficas. Mas em Rise eles fizeram poucos, repetitivos, e – a maioria – feios. Principalmente o rosto da Lara, que era reaproveitado de outras imagens e, com tanto Photoshop, a Lara tinha a mesma cara em quase todas as imagens. Mais uma vez, parece preguiça da parte da Crystal. Menos reciclagem, por favor. Já agora, podíamos ter renders da Síria. Focaram demasiado na Sibéria, quando a Síria é a melhor parte do jogo.
A LARA CROFT
Quero-a mais sarcástica.
CENÁRIOS
Neve, neve, neve, neve, mais neve, neve, e mais neve, neve, muita neve, muita neve. Chega de neve. Queremos desertos, florestas, oceanos. E não sei por quanto tempo vai resultar o conceito de todo o jogo se passar no mesmo mapa. Yamatai, Sibéria. Chega. Queremos a Lara a viajar mais, só isso trará mais diversidade no que toca aos cenários. Chega de viajar pelo mapa através de acampamentos. Ela que viaje através de aeroportos.
Rise of the Tomb Raider é perfeito até acabar a fase da Síria. A partir daí estamos presos ao mesmo mapa até ao final. Claro que não é só neve, temos cavernas, um vale, etc. Mas ainda me sinto preso.
Seria incrível se conseguissem manter o ritmo que o início do jogo tem. A história estava a ser contada com tanto dinamismo, com tantas viagens, flashbacks, ação... E depois estamos na Sibéria e pronto, fim da diversão. O jogo volta a tornar-se divertido só na base soviética, pelo menos para mim, e o ritmo do início só é retomado no final do jogo. Triste.
Falando da dimensão dos cenários: Apenas parem. Se aumentam mais um centímetro quadrado nos mapas eu entro em desespero. Já está num tamanho ótimo. Mais do que isto seria perder demasiadamente o foco na história. O jogo é quase mundo aberto porque o jogador tem a opção de parar de prosseguir na história para explorar o cenário. Adicionem mais túmulos pelo ambiente, porque esses sim nunca são demais.
CONCLUSÃO
Pode ter parecido que o jogo é horrível, porque aqui só mencionei os defeitos. Mas não se enganem, é um jogo maravilhoso, com ótimas críticas e, recentemente, eleito um dos 50 melhores jogos da história pelo “TIME”. Mas claro, há sempre como melhorar e nós, como fãs, só queremos ver a saga cada vez melhor. Qualquer semelhança deste artigo com outro ligeiramente-muito inferior é pura paranoia. Quero saber a vossa opinião! Compartilhem o artigo, comentem naquele grupo de WhatsApp maroto – ou não. E lembrem-se, amiguinhos: Não me escapa nada.
Miguel Marques
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